sábado, 27 de março de 2010

A Calúnia


Era uma pessoa boa, ajudava a todos que a ela recorria e se prejudicava às vezes, mas sempre a disposição de quem a procurava.

O que eu mais admirava nela era o seu bom humor, estava sempre de bem com a vida, quem a visse pensava que não tinha problemas!

Casada pela segunda vez trazendo na bagagem três filhos, o marido um casal de filhos, resultado de um casamento que não deu certo por causa da traição da sua primeira esposa.

Eles se conheceram em João Pessoa, onde ele estava servindo as forças armadas na ocasião.

Ele nascido em Natal-RN, era filho de uma das moças de uma “pensão de mulheres”, a sua mãe engravidou de um rapaz de família da sociedade local, ele reconheceu o filho e proporcionou uma educação esmerada, tornando-o uma pessoa culta, apesar de ter sido criado na pensão!

A sua mãe continuava na pensão que considerava o seu lar, agora em outras atividades, de vez em quando ela os visitava.

Um dia ela chegou aflita a casa do filho a procura da sua nora, precisava da ajuda dela, pois uma das mulheres da pensão estava muito doente e precisava ser medicada, e ela não tinha conseguido encontrar alguém que fosse aplicar os medicamentos prescritos a moça.

A nossa amiga ficou calada, falou do perigo dela se expor e sua sogra respondeu que não teria problemas, pois seria durante o dia o qual dificilmente teria clientes, pois era o horário de descanso das meninas, e que ela mesma contaria ao seu filho, se fosse contar neste momento ele provavelmente não a deixaria ir, e a moça esta muito necessitada do tratamento, então ela falou “Eu vou!”.

Imaginem que logo no primeiro dia ao sair da pensão esbarrou com um colega do seu marido!

Na ocasião ela ficou sem jeito, pois tinha certeza que o quartel inteiro ficaria sabendo que ela estava freqüentando uma pensão de mulheres, não deu outra! Foi só chegar ao quartel ele tratou de espalhar a noticia, e claro aumentando!

O marido dela notou que estava acontecendo algo diferente pela forma como estavam olhando para ele, finalmente um dos colegas foi escolhido para lhe dar a noticia.
Ao saber do fato ele foi a sua casa, fez sua mudança para o quartel sem dar satisfação a ninguém, principalmente a ela!

Quando o meu marido chegou em casa para almoçar, comentou o caso falando da traição, “morrendo de pena” do colega e que todos estavam solidários com ele, inclusive proibindo suas mulheres de falar com ela.

Meu marido olhou para mim é disse: “Você também!”, o qual eu respondi: “Eu vou lá agora mesmo! Ela deve estar sofrendo muito!”. Deixei o meu marido almoçando e fui imediatamente ter com ela. Ao chegar encontrei a casa toda fechada, só a porta da cozinha estava entreaberta, entrei e avistei que tudo estava às escuras, de longe escutei seus soluços, ela estava deitada e com os olhos inchados de tantos chorar!

A minha amiga que só era alegria agora estava arrasada! Eu a abracei e disse que não poderia deixar de vir e que ela poderia contar comigo, que o que eu pudesse fazer por ela eu faria! A minha amiga falou: “Eu só quero que você acredite em mim!”. Deixei que ela desabafasse!

Ao voltar para casa, encontrei meu marido me esperando com uma “cara de poucos amigos”, eu fui logo dizendo: “É assim que você retribui tudo que ela fez pelo nosso filho quando ele esteve doente?! Ela dedicou todas as suas horas nos ajudando com palavras de consolo e seu trabalho a qualquer hora do dia e da noite estávamos sempre contando com ela! E tem mais se você não falar com o marido dela, para ele ouvir o que ela e a mãe têm a dizer, pois a mesma esta vindo todos os dias possíveis para falar com ele e explicar o ocorrido sem sucesso! Eu mesma irei procurá-lo e dizer-lhe umas verdades! Meu marido calou-se e retornou ao trabalho.

No outro dia, ele veio e escutou sua mãe e a sua esposa! Depois de três dias ele retornou ao lar para alegria de todos da família! Quanto aos vizinhos aos pouco voltaram a falar com ela, como ela tinha um bom coração ficou tudo em paz outra vez!
Se existe uma coisa que me deixa feliz até hoje foi a atitude que tomei, pensar por minha cabeça, e não deixar que o preconceito destruísse uma família!

Depois de alguns anos vim morar em Recife, sempre recebendo noticias deles estavam felizes com os filhos encaminhados na vida! Tempo depois fiquei sabendo do falecimento dela e logo após o dele!

Amiga onde estiveres recebe esta prova de carinho por tudo o que você fez por nós!Deus te abençoe!

Celina Paz para todos!

7 comentários:

RENATA CORDEIRO disse...

Deus te abençôe sempre, querida!

*eu mandei um recado
e nele estava escrito isso
não estou disponível nas praças
ou nas placas de sinalização
não estou na algazarra dos protestos
ou nos gritos de gente enlouquecida
e a bandeira que levanto ninguém olha
por isso não me acham, se procuram
ou esquecem ou ignoram
são tão broncos que adoram
a beleza que traz guerra
não enxergam que estou perto
vestido de branco, esperando
mas ninguém encontra fácil
um simples acordo de paz*

Beijos************************
Tudo de bom sempre!
Renata

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Oi amoga. Obrigada pela visita ao Arca. Bom final de semana para você também. Fique com Deus.

Unknown disse...

Amiga, certamente esta amiga querida está habitando lugares belos e plenos de bondade, assim como era seu coração.
Estas recordações são preciosas.
beijos

Caca disse...

É, Celina, é impressionante como as pessoas prejulgam as outras. E já notou que os julgamentos são sempre para o lado da maledicência, nunca para exaltar ou louvar o outro? Parabéns pelas atitudes e pela bela crônica. Um abraço. Paz e bem.

Sônia Silvino (CRAZY ABOUT BLOGS) disse...

Recordações recheiam os nossos corações.
Bjkas! Bom domingo!

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Páscoa significa renascimento. Desejo que neste dia, em que nós cristãos, comemoramos o seu renascimento para a vida eterna, possamos renascer também em nossos corações. Beijos e obrigada pela amizade.

Mariana disse...

A calúnia é um dos males do homem, e pior q as vezes destroí uma pessoa ou uma família inteira.
Celina, como está este lindo nordeste?