quinta-feira, 24 de maio de 2012

Homenagem aos meus Avós paternos.

Amor perfeito
A história que vou contar é de um amor impossível, cercado de preconceitos, principalmente social e racial.
 
Ela foi à moça que nós chamamos de bem criada, estudava em um dos melhores colégios da capital.

 
Ele, pobre, cor parda, cabelos encaracolados, só tinha a seu favor o seu trabalho bem feito. Muito tímido, mal falava, talvez não tivesse muito que dizer. Por ser sobrinho da cozinheira, era permitido que fizesse as refeições na cozinha da casa grande.

 
Na região do Nordeste, imperava as leis dos "Coronéis", as suas fazendas de muitas terras, gado, plantações, eram verdadeiros feudos. A sua palavra era lei, e os seus empregados que pejorativamente eram chamados de "capangas".

 
Foi em um lugar assim que a Sinhazinha apaixonou-se pelo peão, aqui na região chamados de vaqueiros. Numa das férias ela o conheceu na hora que ele estava fazendo a primeira refeição, ela veio tomar um copo de leite quente, aproveitando a oportunidade para saber as novidades com a empregada que a viu nascer. 



Ele estava lá, quase morrendo de vergonha, terminou a refeição e saiu; passou a fazê-la mais cedo para poder estar mais à vontade, ela continuou todos os dias tomando seu leite e pedindo informações dele à empregada: o nome; de que região tinha vindo; e soube assim tudo que queria a seu respeito.
 
Pergunte-me o que ela viu nele?! Eu não saberia responder. A distância da posição social e cultural entre eles era muito grande, só muito amor justificava tudo.

 
Ela voltou ao colégio, ele ficou mais tranquilo, agora ele podia fazer suas refeições mais à vontade, até que um dia foi pego de surpresa! Ela tinha voltado novamente de férias, essas mais prolongadas, eram férias de fim de ano. 

 
Ai o cerco aumentou, houve muitos encontros, sempre na cozinha "estratégia feminina", ela o fez falar, perguntando muito. Dali até o fim das férias o gelo tinha quebrado. Sei que nas próximas férias eles fugiram.

 
Não é preciso dizer que foram perseguidos, pediram abrigo justamente na fazenda de um desafeto político, que não só os acolheu, como fizeram o casamento.

 
Eles ganharam acomodações melhores do que as casinhas dos outros moradores. Ela retribuiu se tornando amiga de todos, ensinando trabalhos manuais “Era no bordado que ela se sobressaía". Entre muitas coisas, ensinou e praticou um pouco de puericultura, ensinou as crianças a ler e a rezar, só os mais velhos que ela não conseguiu ensinar, eles diziam: "Papagaio velho não aprende”, era o que eles pensavam na época.

 
De certa forma foi uma troca, elas as amigas, a ensinaram a cozinhar, criando um ambiente de muito carinho e respeito ao seu redor.

 
Tiveram três filhos, dois meninos e a terceira foi uma menina, quinze dias após ela veio a falecer em conseqüência do parto.

 
Esta é a história dos meus avós paternos!
Vovó Joaninha e do vovô João, até nos nomes eram iguais.

 
Ele criou os filhos com ajuda das amigas que ela fez, não quis mais se casar, foi fiel ao único amor da sua vida!

 *Publicado em 11 de setembro de 2009.

Paz Celina

sábado, 19 de maio de 2012

ONDE PASSES



 Quando cada dia se te apresenta, em torno de atividades a que o dever te vincula, aparecem as tarefas com as quais não contavas. 

 Geralmente, são pequenos encargos que  a vida te propõe em nome de Deus. 

 É o amigo desesperado, a mulher vergastada pelo sofrimento, o desconhecido em dificuldade, o doente esquecido ou a  criança sem rumo, a te pedirem apoio e consolação. 

Não passes indiferente, diante da dor. Cede um minuto do tempo de que disponhas ou algo do que possuis para diminuir o frio da penúria e a  febre da aflição. 

 Uma frase iluminada de amor e qualquer migalha de socorro na bênção da compreensão operam prodígios. 

 Pronuncia as palavras que libertem os  corações encarcerados na angústia,tece  um véu de esperança sobre as feridas ocultas, improvisa algum reconforto para os que carregam conflitos e lágrimas, alivia os que choram e faze sorrir de    algum modo, aqueles que transitam pelos   caminhos empedrados da solidão. 

 O tempo é uma estrada que todos somos compelidos a percorrer. 

 Segue plantando paz e semeando alegria.  Deus não nos pede o impossível.  

 Tanto quanto nos sucede, onde estamos,  a vida na Terra te solicita, onde passes, esse ou aquele toque de amor, a  lembrar-te que o reino da felicidade  começa em ti. 

                                                                                            Meimei
(Psicografia de Francisco Xavier)

Paz Celina

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A FELICIDADE QUE A PRECE OFERECE


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 Vinde, vós que desejais crer. Os Espíritos celestes vêm vos socorrer e anunciar grandes coisas. Deus, meus filhos, abre seus tesouros para vos dar todos os seus benefícios. Homens de pouca fé! Se soubésseis o quanto a fé faz bem ao coração e leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece! Como são tocantes as palavras que saem dos lábios na hora da prece! A prece é o orvalho divino que tranqüiliza o calor excessivo das paixões. A prece, filha primeira da fé, nos conduz ao caminho que nos leva a Deus. No recolhimento e na solidão, estais com Deus. Para vós, não há mais mistérios: na prece
Deus se revela. Apóstolos do pensamento, a prece vos leva a conhecer a verdadeira vida. Vossa alma se desprende da matéria e se eleva a mundos infinitos e celestes que os pobres humanos desconhecem.
Caminhai, caminhai pelas sendas da prece, e ouvireis as vozes dos anjos. Que harmonia! Não é mais o ruído confuso e os sons estridentes da Terra; são as liras dos arcanjos; são as vozes doces e suaves dos serafins, mais leves que as brisas da manhã quando brincam nas folhagens de vossos bosques. Em que delícias caminhareis!
Vossa linguagem é pobre para poder definir a felicidade que vos envolverá, por assim dizer, por todos os poros, quando, ao orar, se atinge essa fonte de frescor e de vida! Doces vozes, deliciosos perfumes, que a alma ouve e sente quando se lança nessas esferas desconhecidas e habitadas pela prece! Sem o peso dos desejos carnais, todas as aspirações são divinas. E vós também orai como o Cristo levando sua cruz ao Gólgota•, ao Calvário.•
Carregai a vossa cruz, e sentireis em vossas almas as mesmas doces emoções que o Senhor sentiu, embora carregando a cruz infame.
O Senhor ia morrer, mas para viver a vida celeste na morada do Pai.
                                   Santo Agostinho - Paris, 1861

 CAPÍTULO 27 - PEDI E OBTEREIS O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Paz Celina

sábado, 5 de maio de 2012

É muito difícil falar dela, a minha mãe!


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É muito difícil falar dela, a minha mãe. Eu a amava quando ela estava alegre, ela tinha muito senso de humor que me fazia sorrir, quando estava de mau humor saísse de perto, sua maior qualidade era o amor ao trabalho, o que nós não gostávamos era o ciúme possessivo que passou das filhas às netas.

Veio de uma família humilde, lutara com muita dificuldade para sobreviver em uma família composta por doze filhos, cedo arrumou os seus poucos pertences e veio para a capital tentar um emprego. Não adiantou a chantagem dos irmãos, primeiro com a mãe viúva e depois o que a família e os vizinhos iriam dizer; veio assim mesmo, chegando à cidade para sossego da família hospedou-se na casa de uma tia.
Tinha contra ela a idade, era menor de idade e pouca instrução, a idade até que não atrapalhou, era alta e bem proporcionada, e foi à luta!

Depois de muito procurar, encontrou uma vaga no manicômio da cidade, a diretora a recebeu bem, perguntou se ela aceitava o trabalho que era muito, e as condições do hospital eram horríveis “Se hoje ainda é assim, imagine muitos anos atrás." Minha mãe o comparava a um inferno, onde tinha os gritos e os ranger de dentes.

Assim mesmo depois das instruções da diretora que simpatizou com ela, aprendeu tudo rápido o que deveria ser feito, cuidar das pacientes: Desde o banho quente que fazia parte do tratamento, injeção, curativos, banho de sol com os que estavam melhores.

Para compensar de certa forma o sofrimento que ela assistia no dia-a-dia, amava as coisas que a vida podia oferecer.

Uma de suas irmãs mais velhas tinha feito um bom casamento, com o dono da padaria local, ele músico, organizou a banda da cidade. Sempre aos sábados havia um baile, ela aproveitava a sua folga e voltava à cidadezinha e dançava até a madrugada,além disso, tomava vinho, cantava e fumava em público; escandalizando a pequena cidade “Era uma mulher à frente do seu tempo".

Os irmãos não falavam com ela, só a mãe e as irmãs. Elas muito católicas continuavam a orar por ela. A mãe só sossegou quando um dos filhos veio à capital e conseguiu alugar uma casa, para ela ficar perto da filha.

Aconteceu um caso bizarro, correu um boato que chegou ao conhecimento da minha avó, que a minha mãe tinha enlouquecido, antigamente dizia-se que quem trabalhava com doido adoecia também. A minha avó mandou o irmão mais novo averiguar, chegando ao asilo ele avistou a minha mãe, ela estava despenteada devido à forte ventania, ela surpresa com a visita aquelas horas, correu ao encontro dele, ele saiu correndo, quanto mais ela corria, ele corria mais, chegando em casa disse é verdade mãe ela quase me pegou. Precisou a minha mãe ir lá mostrar ao pessoal que ela estava bem, assim mesmo todos desconfiados, sem querer acreditar.
O meu pai entra em cena quando foi fazer uma pequena reforma e a pintura do prédio, dando um aspecto melhor a aquela casa de tanto sofrimento.

Casou-se com meu pai, como manda o figurino de véu e Capela, ela continuou trabalhando em casa, para sossego da minha avó e da família. Tiveram quatro filhos, dois casais, ela tinha preferência pelos filhos homens, ela afirmava claramente a preferência. Eu e minha mãe não tínhamos muita afinidade, vivíamos ás turras, eu não era de brigar e ficava calada, talvez com medo da agressão, mais dentro de mim, tinham pensamentos horríveis em relação a ela, preferindo mais o meu pai, vivíamos guerreando, eu calada e ela esbravejando para ver a minha reação. Após muitos anos,quando meu pai faleceu, ela passou a conviver com as duas filhas!Um tempo morando com a minha irmã e comigo, sendo que na nossa casa ela ficava mais tempo, devido aos netos que ela adorava a companhia deles. Precisava minha irmã vir buscá-la, às vezes inventava que estava doente e que precisava ir ao médico retardando assim a sua volta.

Quando eu vi meus filhos a amarem tanto, um sentimento de culpa batia, achando que se eu tivesse aceitado como ela era, teria sido melhor a convivência, mais tarde no início da doença a minha irmã atendendo aos seus pedidos veio deixá-la, ela queria está comigo e com seus netos, ainda viveu alguns anos, foi à oportunidade que me foi dada, para resgatar um pouco dos meus débitos para com ela.

Ela me amou ao seu modo!Se nunca me disse ou me beijou foi por vergonha!A educação que recebeu foi muito rígida, mas guardava as coisas bonitas e boas sempre para mim, e "ninguém mexia que não era doido!"

É preciso muita paciência e muito amor para cuidar de uma pessoa com o mal de Alzheimer, só quem cuida é que sabe como é!
Perdoa-me mãe, por não aceitá-la como a senhora era e sim como eu gostaria que a senhora fosse! Fique em paz!

 *No 2° domingo de maio é comemorado o dia das Mães. Com esta postagem quero homenagear a minha mãe e todas as mães deste mundo!Desejo paz, e que Deus continue a iluminar nesta doce e difícil tarefa de ser mãe.
Paz Celina**Publicado em 04/09/09 com o titulo de ‘Raízes II’